A freguesia de Louro deve o seu nome à planta vegetal com o mesmo nome que predominava no bosque de loureiros, que em tempos existiu junto ao rio Este, onde os “Carreteiros”, homens que faziam carretos de todos os géneros produzidos pela agricultura, ou outras mercadorias, e os transportavam do Alto Minho para a cidade do Porto e outros locais. Naquele local, que deu lugar e nome à freguesia, eram trocadas as juntas de bois ou as parelhas de cavalos por outras que se encontravam naquele local e que continuavam a fazer a viagem de transporte das mercadorias.
Os seus primórdios históricos remontam ao século XIII. Data de 1220 o primeiro documento que cita esta freguesia, nas inquirições de D. Afonso II, que denominam "Santa Lugricia". No entanto, supõe-se que o povoamento de Louro terá ocorrido já no século X ou numa epoca próxima.
É atravessada pelo rio Este, que nasce no Carvalho de Este em Braga e desagua no Rio Ave, na freguesia de Touguinhó, concelho de Vila do Conde.
A nível religioso, veneram-se, o Santo Ovídio, São Frei Pedro Gonçalves Telmo e Senhor dos Passos, numa Capela construída em 1648, situada no Monte de S. Barnabé, mais conhecida por Santo do Monte. Dentro da Capela pode-se observar um altar em talha dourada, com a data de construção da mesma. Do alto do Monte a vista é privilegiada, pois pode desfrutar-se de uma vista panorâmica da freguesia. Reza a história que os romeiros levavam como ofertas telhas e que, para a promessa ser efectivamente cumprida, as mesmas tinham de ser furtadas.
Também é venerada a figura de Santo António, numa capela própria, do ano 1887, que se situa ao lado da Igreja Matriz.
Existe também uma capela particular, na Casa da Torre, no lugar de Barradas, dedicada a Nossa Senhora da Conceição, que outrora pertenceu aos Afonsecas Escobares, de Lisboa. Hoje, pertence ao Sr. Manuel Artur Nogueira de Sousa Lopes.
Existe também na freguesia uma azenha de moer cereais para o pão, situada junto à ponte que liga as freguesias do Louro e Viatodos.
A imagem do Senhor com a cruz às costas, datada do séc. XVI é uma das mais antigas obras, que pode ser visitada na freguesia.
Freguesia do Minho, comarca e concelho de Vila Nova de Famalicão, 18 Km de Braga, 340 de Lisboa, 225 fogos.
Em 1757 tinha 60 fogos. Padroeira S. Lucrécia.
Arcebispado e Distrito administrativo de Braga. (Esta freguesia não vem no Portugal sacro e profano). Até 1834 era do antigo Termo de Barcelos, donde dista 15 Km. O seu abade era de apresentação alternativa da Casa de Bragança e do D. Prior dos Crúzios do Mosteiro de Santa Maria de Oliveira, hoje do Concelho de Vila Nova de Famalicão.
Depois da extinção daquele mosteiro e de suas rendas e regalias serem reunidas ao Convento de S, Vicente de Fora, de Lisboa, passou a alternativa da apresentação do dito abade , para o D. Prior deste convento e a Casa de Bragança. Esta freguesia pertence hoje ao concelho e comarca de Vila Nova de Famalicão, donde dista 5km. Rendia antes de 1834, aproximadamente 1.200$00 réis; hoje está lutada em 280$00 réis.
A igreja matriz desta freguesia é espaçosa e está situada junto do seu passal, num lugar elevado, alegre e sadio. E tanto esta como o seu passal estão circundados pelo nascente com a nova linha férrea em construção e pelo poente com a estrada a macadam feita de Famalicão a Barcelos. Esta freguesia estão tão bem colocada que tem à sua volta nove freguesias às quais dela se passa na distância só de um quilómetro, ou pouco mais.
Há nesta freguesia a capela de Santo António, que a freguesia outrora cedeu à confraria do mesmo santo, com obrigação do fabrico, e de nela Ter os paramentos necessários para quando o pároco ou outros eclesiásticos queiram nela exercer suas ordens. Há também a capela particular da casa e Quinta da Torre, no lugar da Barrada, dedicada a Nossa Senhora da Conceição, descendente dessa ilustre família e casada com seu primo o Sr. António da Costa Araújo, ambos nascidos e moradores nesta freguesia. Esta família tem brasão de armas.
Há também nesta freguesia o Ermida do Santo do Monte (S. Frei Pedro Gonçalves Telmo, ou Corpo Santo, ou Santelmo dos Navegantes) e do Senhor dos Passos, filial da igreja matriz; e nela anualmente se faz, com grande concurso de povo, no Domingo de Pascoela, grande festividade e romaria.
Também nesta capela se venera a milagrosa imagem de Santo Ovídio, a que os romeiros levam telhas ordinariamente furtadas no lugar das ofertas. É freguesia fértil e o carácter dos seus habitantes tratável.
É atravessada pelo Rio Aliste ou Aleste, Este ou D’Este, que nascendo no Carvalho de Este, vai entrar no Rio Ave, no sítio chamado de Touguinhó. Na freguesia de Santa Maria de Nine, circunvizinha do Louro, não só tem a antiga ponte de pedra (chamada Ponte de Coura) com as suas azenhas, mas de novo se anda construindo outra ponte de pedra para trânsito de vagons da nova via férrea para Braga e Barcelos, etc.
A freguesia do Louro tem outra antiga e segura ponte de pedra, reformada e alargada em 1856, onde passa a anteriormente dita estrada a macadam, e junto dela tem azenhas de moer pão e engenhos de serrar, fazer azeite e gramar linho, pertenças da Quinta do Sr. Bernardino da Costa Fernandes Machado.
Chegado este rio à freguesia de Gondifelos, tem outra ponte nova de pedra acabada em 1873, que dá passagem na estrada macadamisada de Famalicão à Póvoa de Varzim.
Em quase todos os tempo tem havido pleitos entre alguns dos paroquianos caprichosos e seus párocos.
Em 1770, alguns paroquianos, conhecedores dos injustos pleitos que tinham com seu abade, Francisco de Sales Veloso (da Casa do Passadisso da rua S. João de Braga) querendo fazer as pazes com ele, trouxeram a esta freguesia missionários que o dito abade, benigno e de bom grado acolheu e aproveitou, consentindo as pazes e suspensão dos pleitos; mas porque esses paroquianos se recusassem às justas e religiosas propostas dos missionários, estes apesar de terem já dado princípio à missão, sem a acabarem, puseram em prática o conselho do Evangelho, retirando-se da freguesia, e ao passar por cima da ponte do Louro, descalçaram as sandálias e sacudiram o seu pó sobre o rio, dizendo: «Adeus Louro, que nem teu pó queremos levar».
Finalmente nesta freguesia nasceu, em 13 de Janeiro de 1682, e foi baptizado, em 14 do dito mês e ano na Igreja Matriz, D. João da Silva Ferreira, formado em cânones na Universidade de Coimbra, Cónego na Sé de Braga, Vigário Geral do Arcebispado Primaz, Governador do Bispado do Porto, Deão da Capela Real de Vila Viçosa, Bispo Titular de Tânger e conselheiro de estado que, falecendo nos Paços de Vila Viçosa, em Janeiro de 1775, foi sepultado na Igreja do extinto Convento de Santo Agostinho. Como escritor público deu à luz em Coimbra, em 1722, as Alegações jurídicas em favor dos direitos indubitáveis do Cabido de Braga, para compelir os moradores das terras de Guimarães e Montelongo a pagar-lhe os votos de S. Tiago, pertencentes à mesa capitular. Escreveu outros opúsculos, que não foram publicados, mas que existem manuscritos. Este ilustre bispo deixou por seu herdeiro, José Custódio Guimarães Feio de Azevedo, pai dos Srs. Barão e 1º. Visconde da Torre, João Feio de Magalhães Coutinho, da Cidade de Braga que ainda conservam no Lugar de Linhares, desta freguesia do Louro, a casa e terras onde nasceu o dito seu tio, com as suas armas episcopais no cimo da porta principal das casas.
Ao ilustrado abade desta freguesia do Louro, o Ex.mo. E Rev.mo. Sr. Domingos Joaquim Pereira, devo os curiosos apontamentos que ficam publicados neste artigo.